Não sou uma fã incondicional da obra de Saramago (daquela que conheço), mas reconheço-lhe algumas qualidades... As alegorias que inclui nas narrativas, os factos extraordinários e insólitos protagonizados pelas suas personagens fazem-nos pensar no sentido que o autor lhe pretende atribuir.
Tudo isto vem a propósito d' "O conto da ilha desconhecida"... A personagem principal pede ao rei um barco para poder procurar/encontrar a ilha desconhecida e diz: "quero encontrar a ilha desconhecida, quero saber quem sou eu quando nela estiver".
Esta personagem anónima pretende conhecer-se, andava à procura de si próprio porque "todo o homem é uma ilha".
Quanto mais observo as pessoas, mais me convenço que somos uma ilha porque, apesar de tudo, estamos sós: sós nas decisões, nas emoções, nas relações.
Sim, os outros estão connosco, interagem connosco, condicionam-nos, libertam-nos..., mas cabe a cada um de nós decidir a forma como vamos viver a nossa vida.
Aquilo que mostramos aos outros é apenas uma pequena parte do nosso ser: há aspectos que permanecem cá dentro muito resguardados, ocultos até de nós próprios.
Para nos conhecermos melhor (sei-o agora) temos que nos envolver, que agir, sentir; pois, é testando as nossas capacidades e os nossos limites que conseguimos conhecer-nos verdadeiramente. Não haverá conhecimento se não houver emoção, seja ela de que género for.
Mas nem para esta insólita personagem, essa ilha significa vivermos sós!!! Ele partiu à sua procura levando consigo uma mulher que, mal o viu, soube que queria acompanhá-lo, sem questionar o seu sonho.
Sabem, reflectindo sobre tudo isto, considero que a nossa grande procura é a do amor, a de encontramos alguém que seja a outra parte de nós.
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